Solitude

Estar só
e essa inquietude
denuncia ser solidão
o que achava ser
solitude.

Provisoriamente

Uma vida toda vivida
provisoriamente.
Entre planos,
rascunhos
e esboços
pra si mesma ela mente.

Tempo infinito

Onde está escondido
tudo que fica contido
no tempo que passa,
mas que é infinito?

Onde é que eu entro?

Todo esse silêncio aí fora.
Todo esse barulho aqui dentro.
E, no meio disso tudo,
onde é que me encontro?
Onde é que eu entro?

Como se mede a vida?

Início, fim
e no meio,
ápice e declínio
entre a esperança
e o medo.

Desencontros

Entre tantos desencontros
há sempre aquele que vagueia
na imaginação do "e se"
tivéssemos sido outros.

Matemática dos amantes

Que estranha matemática
essa dos amantes.
Soma as qualidades
que os dois nunca tiveram
e subtrai tudo de bom
que neles havia antes.

Muda

Se o que há em você não muda
por que me surpreendo,
e fico muda,
quando você fala
o que eu já deveria saber?

Semente

Gente é feito semente
que anda, fala,
que tudo toca, sente.
E que um dia
vai cair por terra,
deixando plantado no mundo
todo amor que soube dar,
em tudo.

Do café ao vinho

Que saudades eu sinto,
do café ao vinho
das canções,
do sorriso.
Dos instantes
que não se seguiram.
Das conversas
que não dividimos.

(Eu) Luto

Primeiro o luto.
Depois, eu luto.
A gente tem que
renascer.
Sorrir pra vida
e deixar que ela siga.

Qualquer parada

A gente topa qualquer
parada.
Topa em qualquer
calçada.
Mas não pára em qualquer
topada.